TAXA SELIC
Direto ouvimos no noticiário os economistas falando que a taxa Selic subiu, desceu, ou ficou a mesma coisa - apesar de que nesse último ano só ouvimos falando que ela subiu - mais especificamente, de 2%, no início de 2021, para 9,25%, ao final do mesmo ano. Mas, o que exatamente é essa bendita dessa taxa e como ela funciona?
O que é, então, a Taxa Selic?
Conhecida como a taxa básica de juros da nossa economia, a taxa Selic é uma sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que é um sistema administrado pelo Banco Central em que são negociados títulos públicos federais. Basicamente, todos os movimentos dessa taxa vão impactar todas as taxas de juros praticadas no Brasil, por isso que dizem que é a taxa básica de juros.
Para que ela serve?
A lógica é simples: a principal estratégia de política monetária é influenciar a quantidade de dinheiro que circula na economia e, quanto mais dinheiro tiver para as pessoas, mais elas vão consumir. E, quanto mais elas consomem, a demanda será maior e, consequentemente, os preços vão aumentar. Acontece o contrário também, em que, se diminuir os recursos disponíveis, as pessoas vão consumir menos. A Selic serve justamente para isso. Ela é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a quantidade de recursos em circulação. Então, por exemplo, quando a Selic estava em 2% em 2020, a ideia era estimular as pessoas a gastarem mais e fazer os preços subirem. Isso funcionou, os preços começaram a subir e a inflação começou a pesar no bolso dos brasileiros. Então, foi aí que vieram os aumentos consecutivos da Selic, para controlar essa alta dos preços.
Quem decide a Selic e quando?
Quem vai decidir a Selic é o Copom, que é o Comitê de Política Monetária, um órgão do Banco Central. A cada 45 dias, os membros desse comitê se reúnem para poder discutir e decidir a Selic. Seis dias úteis após a decisão - que é divulgada momentaneamente para o público - o Copom libera a sua famosa Ata. Esse documento é importante, pois é um canal de comunicação do Banco Central com a sociedade, especialmente com o mercado e os agentes econômicos. A Ata descreve detalhadamente a decisão tomada e porque aquela decisão foi tomada, contextualizando profundamente o leitor.
Como ela me afeta no dia a dia?
Por ser essa taxa básica de juros, a Selic vai afetar, por exemplo, os empréstimos que fazemos. Quando ela cai, os empréstimos tendem a ficar mais baratos. Mas, quando ela sobe, os empréstimos ficam mais caros. Por conta disso, os economistas costumam dizer que a Selic define o custo do dinheiro. Mas, é importante falar que a Selic atual não vai ser necessariamente a taxa do empréstimo que você consegue. Provavelmente, será uma taxa maior, pois é definida pela instituição financeira em que você pega esse empréstimo. A função da Selic nesse caso é basicamente passar esse valor base, ou em outras palavras, um ponto de partida.
Outro ponto afetado é o consumo, que acaba sendo uma consequência dos empréstimos, pois se os empréstimos estão caros, a tendência é ver uma queda no consumo da população, mas se foram baratos, a tendência é ver um aumento. Além disso, as próprias empresas costumam tomar mais crédito para poder reinvestir em seus negócios e expandir.
E como a Selic pode afetar meus investimentos?
No geral, o impacto do sobe e desce da Selic nos seus investimentos vai ser sobre a remuneração da sua aplicação. Quando falamos de investimentos em renda fixa, o impacto é imediato. Os investimentos em renda fixa, no geral, representam títulos de crédito. Quando você investe em um CDB, por exemplo, você está emprestando dinheiro ao banco para poder financiar suas atividades. Em troca, você recebe uma remuneração por isso. Lembra que a gente falou lá em cima de como a alteração da Selic afeta os seus empréstimos. Aqui é a mesma coisa, só que nesse caso você é o investidor e o que vai ser afetado é a sua rentabilidade. Como a Selic é aquela referência para o mercado financeiro como um todo, a sua alteração vai impactar diretamente nos rendimentos dos seus investimentos em renda fixa. Quando a Selic está baixa, seus investimentos em renda fixa renderão pouco. É o caso de 2020, quando os investidores de renda fixa viam suas aplicações rendendo pouquinho. Porém, em um cenário em que o Copom vem aumentando a Selic, agora esses investidores estão vendo suas aplicações tendo retornos maiores nos últimos meses e com tendência de alta para o curto a médio prazo.
Mas, também, é importante estar atento à rentabilidade real dos seus investimentos. A Selic em alta só será favorável nos investimentos de renda fixa quando sua rentabilidade estiver acima da inflação. É o que chamamos de rentabilidade real. Por exemplo, em 2021 a inflação no Brasil ficou em aproximadamente 10%. Se seu investimento em renda fixa te rendeu 12% no ano, sua rentabilidade real foi de 2%. Agora, caso sua rentabilidade foi de 8%, sua rentabilidade real foi de -2%. Por que isso acontece? Lembra que a inflação tem aquele efeito de diminuir o poder aquisitivo da população? Então, se você investiu R$10.000,00 que te renderam 10% no ano, sua aplicação agora te deixa com R$11.000. Mas, se a inflação foi de 10% também, sua aplicação rendeu bem, mas não conseguiu superar a perda do poder aquisitivo, então é como se os seus 11 mil no fim equivalessem aos mesmos 10 mil do começo. Ou seja, ficou no zero a zero. Por isso que a rentabilidade real é importante. Se nesse caso seu investimento tivesse rendido os 12%, você teria verdadeiramente rentabilizado seu dinheiro contra a inflação.
Do outro lado, temos os impactos na renda variável. Como dissemos acima, a Selic mais baixa irá afetar o consumo. Se o consumo da população está alto, quer dizer que as empresas estão vendendo mais seus produtos e serviços. Dessa forma, elas terão resultados melhores e, consequentemente, o valor de suas ações irão aumentar. Além disso, a Selic baixa tende a reduzir o custo do crédito para as empresas, o que as ajuda em seus planos de expansão e crescimento. E aí segue a mesma lógica, as empresas que conseguirem crescer apresentarão resultados melhores e, consequentemente, o preço da ação se valoriza. Por outro lado, com uma Selic em alta, a atividade econômica acaba esfriando no geral, tanto o consumo da população quanto o custo do crédito, assim como os resultados das empresas e muito provavelmente o preço de suas ações.
Resumindo, quando a Selic está alta, os investimentos em renda fixa serão beneficiados, enquanto em tempos de baixa da Selic, a renda variável tende a ser mais atraente.
A Selic hoje
Definida na última reunião do Copom em 08 de dezembro de 2021, a Selic foi elevada em 1,5p.p., encerrando o ano em 9,25% ao ano. Abaixo, apresentamos um gráfico com a Selic anual dos últimos 20 anos, uma tabela com a Selic mensal dos últimos 5 anos e por fim uma tabela com a programação de reuniões do Copom para 2022.
Taxa Selic Mensal
Calendário de Reuniões do Copom em 2022