INFLAÇÃO
Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos, resumiu a inflação descontrolada em uma única frase de um jeito fácil de entender, ele disse: “tão violenta quanto um assaltante, tão assustadora quanto um ladrão armado e tão mortal quanto um assassino”. Vamos ver então o que é a inflação, o que causa e o impacto dela na economia e no seu bolso.
Mas, afinal, o que é inflação?
Em pouquíssimas palavras, a inflação é o aumento no preço dos produtos e serviços. Você provavelmente já deve ter sentido ela nas idas ao supermercado. A quantia de dinheiro que você precisava há alguns anos atrás para fazer suas compras não é mais a mesma, vai aumentando cada vez mais. Da mesma forma, valores mais altos, como aluguel de imóveis e preço dos automóveis, ou até mesmo a mensalidade da faculdade. Portanto, a inflação resulta numa perda de poder aquisitivo da moeda, ou seja, uma diminuição no poder de compra das pessoas ao longo do tempo. Mas, vale deixar claro, também, que o aumento nos preços não é necessariamente algo ruim. É algo bom para a economia quando acontece de forma devagar ao longo do tempo. O problema é quando a inflação vem forte e acelerando de forma descontrolada.
E o que causa a inflação?
Não é algo específico que leva ao aumento dos preços. Existem diferentes causas que podem influenciar a inflação. As principais delas são: um aumento na demanda; aumento nos custos de produção; inércia inflacionária e expectativas da inflação; e, aumento de emissão de moeda. Vamos falar um pouco de cada uma delas, então.
Aumento da demanda: essa talvez seja a mais simples de entender. Pensa com a gente, se num dia de frio você vai ao mercado para comprar e vê na gôndola um monte de garrafas de água, o preço fica na média. Mas, agora pensa que você está numa praia lotada num dia de calor extremo e está com muita sede. Uma garrafa de água lá certamente vai ser mais cara. Isso acontece porque a demanda (ou, a procura) pela garrafa de água é maior do que a capacidade de oferecer (oferta) o produto. É a famosa lei da oferta e demanda. Esse aumento na demanda acontece mais quando a economia de um país está passando por tempos de prosperidade, pois as pessoas possuem maior condição financeira para consumo.
Aumento nos custos da produção: esse tipo também é conhecido como inflação de custos, que ocorre por fatores que impactam o preço final de um produto ao consumidor. Pensa, por exemplo, quando o preço da energia elétrica aumenta. Todas as empresas que dependem do consumo de energia elétrica para o seu negócio terão um aumento significativo nos gastos com energia e, consequentemente, isso será repassado para o consumidor final. Também pode acontecer quando há aumento no preço de combustíveis, quando há elevação de tarifas, taxas, impostos, ou até mesmo em uma valorização do dólar frente ao real, já que vários produtos e matérias-primas vêm do exterior e possuem preços dolarizados.
Inércia inflacionária e expectativa de inflação: no caso da inércia inflacionária, a intenção aqui nesse caso é boa, pois a ideia é de reajustar os salários, aluguéis e outros serviços, para que se recupere o que foi corroído pela inflação. Mas, o problema é que isso pode levar a mais aumento da inflação depois. Agora, a expectativa de inflação possui um viés mais comportamental. Por exemplo, um comerciante já pensando num futuro aumento generalizado dos preços pode decidir aumentar os preços de seus produtos de forma antecipada.
Aumento de emissão de moeda: essa última causa vem por parte do governo. Quando os gastos dele ficam maiores do que eles arrecadam, uma solução que existe é imprimir mais dinheiro para poder pagar suas dívidas. O problema é que quando o governo faz isso, eles estão colocando mais dinheiro em circulação no mercado, porém isso não tem nada a ver com uma maior demanda do mercado ou geração de riqueza no país. Aí, a gente volta na lei da oferta e demanda. Com mais dinheiro circulando no mercado do que a quantidade de oferta de produtos e serviços, os preços aumentam. Em 1946, a Hungria passou por um caso de hiperinflação (o maior caso da história) justamente por esse motivo. O governo começou a imprimir muito dinheiro para poder arcar com seus gastos, mas não existia demanda da moeda. Os números que resultaram disso são assustadores, se liga: a taxa de inflação mensal foi de 41.900.000.000.000.000,00%; a inflação diária era de 207%; os preços de produtos e serviços dobravam a cada 15,6 horas; e a inflação anual era um número de 178 dígitos. Mas, esse é um caso especial de hiperinflação. Você pode saber mais sobre esse caso clicando aqui.
E como que o pessoal calcula a inflação?
Para calcular a inflação, são utilizados diferentes índices baseados em pesquisas de mercado. Um dos principais índices aqui no Brasil é o IPCA, que é um acrônimo para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e calculado pelo IBGE. Mas, como a inflação tem um impacto direto em diferentes áreas na vida dos consumidores brasileiros, existem outros índices que ajudam a medir a inflação no país. Vamos falar agora um pouco sobre todos eles:
IPCA: como citamos em cima, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é um dos principais índices aqui no Brasil. Com ele, é calculada a variação dos preços dos bens e serviços consumidos na rotina das famílias brasileiras com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos, entre o dia 1 e 30 do mês, de forma anual.
IPCA-15: esse índice funciona exatamente como o IPCA, a única diferença é o período de coleta dos dados, que é feito entre o dia 15 de um mês e o dia 16 do mês seguinte. O pessoal costuma falar que o IPCA-15 funciona como uma prévia do IPCA.
INPC: acrônimo para Índice Nacional de Preços ao Consumidor, é tipo um IPCA só que voltado para consumidores de menor renda, pois mede a variação com foco nas famílias com renda de até 5 salários mínimos. Esse índice serve como um termômetro para o reajuste do salário mínimo.
IGP: é o Índice Geral de Preços, criado em 1940 e medido pela Fundação Getúlio Vargas, mais conhecida como FGV. Contrário ao IPCA, o IGP não tem foco no consumidor, mas no atacado e no varejo. Mais especificamente, ele serve para registrar a alta dos preços que vão desde matéria-prima usada na produção agrícola e industrial até virarem bens e serviços a serem comprados pelo consumidor final. Para calcular o IGP é necessário usar a média de outros 3 índices, são eles: Índice de Preços no Atacado (IPA),Índice de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC). O IGP dá origem a três outras versões dele:
IGP-M: o Índice Geral de Preços - Mercado, além de dar aquele panorama geral da economia, é usado como referência para reajuste no valor dos aluguéis de imóveis. Aqui, a coleta de dados é feita entre o dia 21 do mês anterior e o dia 20 do mês atual.
IGP-10: o Índice Geral de Preços - 10 é mais fácil de lembrar, pois ele realiza a medição da alta dos preços entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês atual.
IGP-DI: o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna é a parte responsável pela correção de preços de telefonia.
Agora, você deve estar pensando o seguinte…
A inflação é uma vilã, já que ela faz com que o dinheiro das pessoas perca poder aquisitivo ao longo do tempo, com o aumento dos preços de produtos e serviços e a desvalorização da moeda. Então, se ela é o problema de tudo, a solução seria diminuir os preços, certo? Nada disso. Esse fator de queda de preços, chamado de deflação, também pode ser muito prejudicial à economia, pois um comerciante pode ter prejuízo se ganhar menos dinheiro amanhã pelo estoque que fez hoje. As famílias e empresas, pensando que os preços vão diminuir no futuro, irão começar a deixar para depois suas decisões de consumo e investimentos. Resumindo, a deflação também atrapalha tudo, deprimindo a atividade econômica.
E qual é o cenário ideal, então?
Ao contrário do que muitos pensam, a inflação não é uma vilã. Ela se torna uma apenas quando aumenta de forma frenética. Porém, quando baixa e previsível, é muito importante para o crescimento econômico do país. O objetivo do Banco Central é fazer com que a inflação se mantenha controlada e dentro de uma meta estabelecida. A perspectiva de que os valores cobrados sejam relativamente estáveis ao longo do tempo, com inflação baixa e previsível, é importante para o planejamento de todos.
Como está a inflação hoje?
Como dissemos mais para cima, um dos principais índices que calculam a inflação aqui no Brasil é o IPCA, feito pelo IBGE. A última pesquisa, em março de 2022, indicou uma IPCA mensal de 1,62%, sendo o acumulado de 12 meses 11,30%. O INPC do último mês ficou em 1,71%.
No gráfico abaixo, podemos observar a variação mensal da inflação desde o Plano Real, estabelecido em 1994, até março de 2022. Confira:
Como você pode proteger o seu dinheiro da inflação
Como vimos no artigo, a inflação descontrolada é uma vilã para o seu dinheiro. A boa notícia é que você pode proteger seu dinheiro da inflação. Para fazer isso, você precisa investir parte do seu dinheiro em ativos que estejam atrelados à inflação, como é o caso dos Títulos Públicos do Tesouro IPCA+, por exemplo; ou investimentos que sejam atrelados à variação da inflação, como é o caso dos Fundos de Investimento Imobiliários e das ações de empresas.